26.4.13

Diário Prático #41

E finalmente voltei com o podcast. Dois anos se passaram desde a última edição. Aqui falo um pouco sobre o Homem de Ferro , e de planos para o futuro próximo. Dá pra escutar no Youtube, que roda em tudo que é lugar, e no Mixcloud que não roda em celular, se não baixar plug-in.

Diário Prático_41 by Diário Prático on Mixcloud

22.4.13

Uma versão teste do podcast

Versão teste do podcast. Fica aqui a título de curiosidade.

19.7.12

Desenhar

Sei que muita gente acha que não sei desenhar, que desenho mal, que sou uma bosta desenhando. O fato é que sempre caguei e andei pra essas pessoas, e se algo me incomodou nelas, foi mais a agressividade extrema incutida em suas palavras do que suas opiniões. Nunca desenhei minhas aves, peixes, super-heróis e monstros para agradar, mas sim porque isso sempre fez eu me sentir bem. Se alguém gostou do que fiz, foi incidental. Não é como quando me proponho a escrever. O fato é que quanto mais minha relação com o mundo se mostra mal sucedida, mais me apego a lembrança que o lugar nessa vida que fui mais feliz foi sentado em frente a minha prancheta. É para onde quero de fato ir quando calço meus sapatos de rubi é digo "Não há lugar como nosso Lar".

20.11.10


Eu gosto de falar. Acho que esse é o principal, mas não único motivo de fazer um podcast. Outro motivo seria o mesmo que me levou a fazer alguns anos de análise, às vezes me sinto completamente perdido, e escutar o que tenho a dizer faz com que tenha noção disso.
Sempre gostei de desenhar. É uma daquelas coisas que me definem. Desde criança a coisa que mais gostava de ganhar de presente era papel, a coisa seguiu pela minha adolescência, e quando tinha entre 10 e 11 anos decidi que queria fazer histórias em quadrinhos. A vida seguiu simples, e estava tão certo disso quanto que dois e dois são quatro, até que vim para São Paulo.
Se há algo que gostaria de mudar na minha história no passado foi minha mudança de cidade. Quando morava em Belém do Pará, tudo parecia tão certo, e isso se refletia no meu desenho, em minhas idéias. Não tinha receio de pensar e desenhar nada, e tinha ciência que dialogava com um mundo maior. Já havia vendido uma história quando mais criança, entre os 12 e 13 anos, depois disso me afastei dos quadrinhos de terror, que ainda eram publicados com freqüência até o inicio dos anos 90, mas minha segurança nunca me abandonou.
São Paulo mudou tudo. Não sei quando as coisas começaram a dar errado, mas de um determinado ponto, desenhar que era algo que me tirava da realidade para meu mundo particular, passou a ser cansativo e burocrático. Fosse pelas regras que se deveria seguir para desenhar para o mercado americano naquele momento, fosse pelo apego a um esboço de tradição que viciava o modo de ver do quadrinho independente, por um tempo eu perdi totalmente a noção de para quem eu desenhava.
Ninguém desenha para si. Ou se desenha para o público, ou se desenha dialogando com uma tradição. Desenhar não é apenas um plano, um desejo ou pulsão expressa, mas é um ato comunicacional. Acredito que era “feliz” quando desenhava para o público, e ainda consigo fazê-lo, mas creio que depois de conhecer a tradição é difícil não dialogar com ela. As pessoas do “meio” sempre vão te julgar em termos relativos, e isso te atinge. O publico geral não vai olhar teu desenho e pensar em quanto aquilo é diferente ou parecido com o que um Laerte faz, as pessoas simplesmente tomam aquilo pelo que é, e decidem se gostam ou não segundo as suas sensibilidades. Não há uma evocação de repertorio. É o simples gostei ou não gostei.
Talvez hoje tenha voltado a desenhar dessa forma. Afirmando um modelo de ideal estético que tenho em mente, baseado mais em gostei e não gostei do que se aquilo é comercial ou não. No entanto, o que me preocupa hoje é que cada vez mais tenho apertado o botão mental do “não gostei” em relação ao que faço. Há uma busca por algo novo, e creio que o podcast tem falado disso, de uma insatisfação. Tenho tentado dissecar a tradição dos quadrinhos, o processo criativo, o diálogo com as artes visuais. Tenho tentado entender como vejo, e como sou visto. Tudo virou uma grande oficina, e não sei onde isso vai parar. Não sei se o que falo é útil às pessoas, ou se me faço claro. Não tenho idéia de como sou interpretado, mas quando verifico o número de visitas e downloads, percebo que minhas ansiedades são as mesmas de outras pessoas que me acompanham.
O que leva a pergunta que faço a mim mesmo: afinal o que estou procurando?
Apenas quero desenhar. Quero que as pessoas gostem do eu faço. Quero ter um senso de orgulho a olhar um desenho meu, não pela admiração alheia, mas por reconhecer naquilo alguma qualidade. Na maior parte do tempo, sinto-me muito distante disso.

20.10.10


tira...

14.10.10


Contemporâneo

Segundo Gombrich(1950) não sabemos como a arte começou tanto quanto não sabemos quando a linguagem começou. Se a intenção da arte foi despertada pelo olhar que se apropria do objeto natural como elemento estético, num conceito primitivo de ready-made, ou se foi pela aplicação de um gesto a uma mídia, como um galho a riscar o chão, é algo que apenas podemos supor. Muito da experiência humana no passado chega até nós por meio da arte, ainda que em uma percepção atemporal do significado das formas e objetos. No entanto, o olhar com que observamos do passado, e atribuímos qualidade, valor técnico e estético em elementos arquitetônicos, esculturas, pinturas, cerâmicas, dentre outros, inseridos na vida social, não é o mesmo com que olhamos o presente, e observamos os mesmos valores na produção material do que vou chamar aqui de indústria cultural, com a qual a arte, na melhor das hipóteses, mantém um diálogo continuo.
Lembro de quando estava em uma exposição, “O Romantismo”, no Masp, por volta de abril de 2010, e uma jovem comentou, que estava com vontade de lamber o quadro. No mesmo museu pouco tempo antes, a exposição de Vick Muniz, ao meu ver, discursava sobre uma fugacidade da imagem na modernidade, e a participação da imaginação na criação de significado, em objetos desprovidos de gerarem uma resposta mais visceral, mas sim apelando para uma operação da percepção que beira um jogo lúdico.
A palavra “arte” pode ser uma idéia abstrata e vazia de significado, que tem arraigada em si um sentido que varia segundo o contexto ideológico em que é empregada. As pessoas têm uma idéia particular do que é “arte” e do que pode ser “arte”, e baseadas em uma experiência que mistura algumas vezes moral e estética. A maioria consegue defender seu ponto de vista, às vezes por reverência à técnica ou simplesmente movida por resposta emotiva. A própria idéia de uma “História da Arte” tem suas limitações no que se aplica ao contemporâneo, se vista estritamente em uma esfera positivista, por superestimar o fato, em desmerecimento da causa, segundo Wollheim(1987), que propõe uma visão mais voltada a compreensão da arte como fenômeno social, apelando para um pensamento estruturalista. O que joga, na minha opinião, uma luz mais reveladora de que a arte é produto de uma demanda social manifesta pelo sujeito, que chamamos de artista. Retomando Gombrinch, “não há na verdade algo como a Arte. Há apenas artistas”.
Estes exemplos de eventos ocorridos no Masp servirão para que construa aqui a idéia dos extremos que observo na produção contemporânea: a que depende da existência do objeto em matéria tangível, e a sugestão imaginativa como objeto, uma imaterialidade de natureza ilusionista de atribuição de significado ao evento. Não me refiro aqui a imaterialidade sugerida por Wollhem(1968) em sua discussão sobre a arte e seus objetos, mas a algo que tem na própria experimentação tanto o significante quanto o significado, reduzindo o que se consideraria o objeto como indutor da experiência. Num exemplo simples, um caleidoscópio.
O quanto a moça que quis lamber o quadro estava como que desarmada e aberta à obra, e o quanto o público de Muniz estava condicionado pela informação prévia? É a obra de arte hoje um objeto com papel ilustrativo de uma idéia que pode ser verbalizada? A arte, como numa idéia de práxis, deve falar por si? A produção contemporânea consegue dar conta de criar obras que detenham em si um significado ou sentido que independa de um discurso anexado? Estas questões parecem pertinentes, quando pensamos que a ilusão tem de ser induzida. O sujeito deve participar se entregando ao jogo imaginativo, caso contrário toda a exposição de Muniz é reduzida a um apanhado peculiar de fotografias, enquanto o quadro carregado de tinta independerá de um discurso para ser percebido, mesmo que esvaziado da aura atribuída pelo museu.
Qual a natureza da arte contemporânea? Ela está condicionada por um sistema que se alimenta de tudo para transformar em capital? Pode o artista que se mantem na repetição de “fórmulas que vendem” ser considerado um artista? Não seria essa atitude algo tão condicionado quanto a arte industrial, como expressa por Matisse? A arte se tornou um sistemas complexo, pulverizado na sociedade, e que pode ser reconhecida em bens de consumo produzidos em série tanto quanto naquilo que se convencionou chamar de obra de arte. No entanto, a figura do artista parece perdida, ou diluída, dentro das demandas do capital. Talvez seja necessária a distância atribuída pelo tempo para que possamos entender como uma organicidade a produção contemporânea, pois toda ela é produzida dentro de um mesmo contexto, e revela suas faces ocultas. A figura do artista como uma entidade sensível capaz de representar o seu tempo não pode ser perdida, sob pena de se vulgarizar por completo a arte, rebaixando-a à simples técnica, artezanato.
O processo de ressignificação imposto pelo capital atinge o próprio entendimento do que é arte. Significados e valores passam a ter transito entre signos, objetos materiais e imateriais gerados e alimentados pela indústria cultural, a qual também integram museus, galerias e publicações. É papel da arte revelar o invisível, aquilo que permanece sem forma e sem nome. Sentimentos que chegam a ser difíceis de descrever quando despertos podem ser evocados, algo que a sociedade ainda tem de assimilar é trazido à tona. As ruínas de Scarlet Kid (2008), imagem na abertura desse artigo, tela saturada de matéria, do chinês Chen Bo(1973-) são de metal e plástico. São ruínas de nossos dias que não nos causam a mesma resposta das ruínas inseridas em uma cena bucólica de um quadro barroco holandês, ainda que ambas desejem evocar o abandono de algo. Chen Bo parece nos falar do abandono do humano. Ainda assim, algo dessa natureza, pode ser vendido por telefone apenas pela indicação de marchant, sem que um investidor de arte ao menos veja a tela.

3.10.10


Menos brega?

29.9.10


Brega?

27.9.10


Ossos...

11.7.10

O mypodcast vive dando pau, por isso sempre post o podcast em mais de um lugar. A edição sobre imaginário está bem legal e disponível em:
http://www.podcast1.com.br/canais/canal4361/DP37b.mp3

3.7.10


Da Veja em 01/03/1972

7.6.10

Sejamos sinceros, por mais que doa nos olhos ler a tradução de Filho da Pátria para American Son no gibi do Aranha publicado pela Panini, um dia isso será um clássico como hoje são as revistas da editora Bloch. Não a editora é memorável por suas traduções de nomes como Jonny Tempestade para Jonny Storm, como também pelo seu esquema de cores inovador para alguns personagens como o Dr. Destino. Como vemos abaixo...


Outra coisa memorável na Bloch, era a incrível liberdade com que lidavam com a "continuidade" e com o "contexto". O Quarteto Fantástico, por exemplo, como se nessa publicidade (onde se nota que Reed era loiro) aplicava toda a grana não em pesquisas, mas na poupança Grande Rio.

. Tudo isso aparentemente faz parte do passado, embora alguns editores aloprados ainda deixem que expressões comopassar cerol na mão” sejam usadas em mangas (que finos), os quadrinhos são tratados como coisa de gente que tem senso crítico independente da idade. Adaptações ainda ocorrem, mas dificilmente cruzamos com coisas comoVespa Wilma”, como Wasp era chamada pela Ebal, ou Cavaleiro de Prata, para Cavaleiro da Lua na RGE.






4.6.10

Tive poucos chefes, a maioria da pior qualidade, o que me levou a preferir o trabalho freelance, mesmo com todos os transtornos. O ponto é que uma chefa disse uma vez, que há coisas que devem ser faladas, coisas que devem ser escritas... Enquanto olhava pra ela e imaginava, que há coisas que queria lhe dizer que deveriam ser gesticuladas. O caso é que estou retomando o Blog do Diário Prático para tratar do que escapa ao podcast.
Um dos assuntos que tratei na última edição do Diário, foi sobre minha mudança. Não vejo como uma simples mudança, mas quase como uma crise, onde tive de revisitar uma década da minha vida de material acumulado. Desde 2001, fiz e deixei de fazer várias coisas. Comecei a década como paisagista, e acabei como estudante de pós. Passei por tratamentos hospitalares, estudei arte, editei material, e tudo isso estava ali no que acabou virando um grande lixo. Carreguei apenas o relevante, e ainda assim foi muita coisa.
Montei uma caixa que em especial se fez uma experiência interessante. De todas as coisas que tenho, de revistas e livros, nela coloquei o que de fato é importante para mim. Na verdade me surpreendi com o resultado porque, por exemplo, não havia nada de Eisner. A caixa acabou contendo coisas como Noman Rockwell, Matisse, Gustav Klimt, Chagal, revistas Newtype (várias), trabalhos de Ben Caldwell, Travis Charest, Chris Ware, um álbum francês de piratas que não lembro o nome (e não vou ver pra evitar a fadiga) livros teóricos como Escrito a Mano (que recomendo, busque pelo ISBN: 8425219531), e outras coisas como Forever Young do Bob Dilan, The Once and Future King, contos do Oscar Wilde e Andersen e um livro de ilustrações de Naruto do Kishimoto. Um conjunto bem diverso. É engraçado perceber as coisas que são relevantes pra você, e há uma ironia nisso: a caixa ficou pesada demais para levantar, e tive de dividi-la em duas.
Moral da história: As coisas mais importantes da sua vida devem se limitar àquilo que você pode carregar.

15.8.09


Vamos ver se segue esse história...

5.5.09

Estas tiras foram a que mais gostaram do Diário, quando estava postando no fórum MBB:


Esta tira foi a primeira do Diário Prático. eu fazia o Diário como meu diário pessoal desde 2001. Daí resolvi fazer no formato tira. Achei que não sabia fazer humor...Talvez não saiba mesmo. as duas abaixo foram as que o pessoal do fórum MBB mais curtiu...Eu acho. postarei outras até chegar às inéditas!